Texto por Liziane Jardim.
Figura 1 |
O chocolate contém dois compostos
tóxicos para os animais, que nada mais são que duas metilxantinas: a cafeína e
a teobromina. E, dependendo do tipo de chocolate suas quantidades podem variar
(ver tabela 2.1). Como são substancias encontradas no cacau, que é a matéria
prima do chocolate, os níveis de teobromina, por exemplo, serão muito mais
elevados em chocolates do tipo amargo. Ao passo que, chocolates com altos
teores de lipídios como os brancos oferecem menores riscos de intoxicações.
Fonte: Gfeller, Roger W. et al – Manual de Toxicologia e Envenenamentos em Pequenos Animais – 2ªedição.
São Paulo: Roca, 2006. pág 185.
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Dose letal: 100–200mg/kg. Porém, a dose tóxica é dependente também
de outros fatores como: porte do animal e sensibilidade à teobromina; e, o tipo
de chocolate. Pois, quanto maior o teor de cacau contido, maiores serão as
chances de intoxicação. Logo, a dose letal pode variar para mais ou para menos.
Epidemiologia: Geralmente as intoxicações ocorrem em animais jovens
e de pequeno porte. O primeiro por conta da curiosidade de ingerir alimentos
novos e o último em vista de que a quantidade ingerida será proporcionalmente
maior do que o animal. Os casos de intoxicação ocorrem principalmente em épocas
de páscoa e natal. Ou quando os animais tem acesso a este tipo de alimento.
Figura 2: A intoxicação em animais jovens tem uma maior prevalência. |
Patogenia: a teobromina inibe a fosfodiesterase resultando em um
aumento de adenosina monofosfato cíclico (AMPc) e de catecolaminas. Estas que
exibem efeitos excitatórios no sistema nervoso central estimulando o aumentando
da respiração e da atividade psicomotora. Além disso, estimulam os músculos
lisos levando a um aumento dos batimentos cardíacos e da força de
contração.
Sendo uma metilxantina, composto
altamente lipossolúvel, a teobromina consegue atravessar a barreira
hematoencefálica e placentária com facilidade, além de ser rapidamente
absorvida pelo trato gastrointestinal chegando à corrente sanguínea. Porém, uma
vez no sistema nervoso central acaba competindo com a adenosina (inibidor
pré-sináptico neuromodulador) desencadeando grande excitação e agitação no
animal. Além disto, esta substancia
provoca aumento do trabalho dos músculos cardíacos (pois atua aumentando a
entrada de cálcio nas células cardíacas) que associados à estimulação cerebral
podem ocasionar arritmias graves em cães.
Metabolização: A teobromina possui metabolismo hepático o que lhe
dá a característica de possuir uma meia vida relativamente longa no organismo,
permanecendo por horas a dias: cerca de 17 horas a 6 dias. Como pode permanecer
por dias no organismo, a intoxicação pode não ser imediata, ou seja, doses
ingeridas repetidamente em dias consecutivos podem ocasionar um efeito
cumulativo da teobromina. E, os sinais clínicos podem, portanto surgir mais
tardiamente.
Sinais clínicos: podem iniciar em cerca de 6 a 12 horas. Segundo Gfeller,
observa-se leve aumento na pressão sanguínea (hipertensão), taquicardias,
arritmias no miocárdio, nervosismo, excitação, tremores, convulsões, respiração
ofegante e até mesmo coma. Quando a intoxicação for aguda, o animal pode morrer
dentro de 6 a 24 horas e na forma crônica a morte se dá em alguns dias em
decorrência de insuficiência cardíaca. Menos comumente, pode ocorrer
bradicardia.
Tratamento: Não existem antídotos para a teobromina, portanto, o
tratamento é voltado a manter os sinais vitais do paciente combatendo os
principais sinais clínicos. Se a ingestão for recente (de 4 a 6 horas) é
possível utilizar fármacos que provoquem emese ou realizar lavagem gástrica com
água aquecida para retirar o chocolate derretido. Segundo Gfeller, o carvão ativado pode
diminuir o tempo de meia vida da teobromina. É importante também, sondar a
bexiga e sempre mantê-la vazia para evitar que a teobromina seja reabsorvida.
Realizar tratamento de suporte com fluidoterapia e oxigenoterapia.
Diazepam: indicado para diminuir
as convulsões, ansiedade e tremores. Caso não surta efeito, é possível utilizar
os barbitúricos como substitutos (como fenobarbital seguido de propofol).
Atropina: para tratar a
bradicardia.
Lidocaína, metoprolol e
propranolol: para tratar a taquicardia.
Evitar o uso de eritromicina e
corticosteroides pois, estes interferem na eliminação das metilxantinas.
Profilaxia: A melhor forma de evitar a intoxicação por chocolates
em cães é sempre mantê-los afastados deste alimento. E nunca oferecê-lo aos
animais, pois mesmo em pequenas quantidades, dependendo da susceptibilidade,
pode haver chance de intoxicação.
REFERÊNCIAS
Gfeller, Roger W. et al – Manual de Toxicologia e Envenenamentos em Pequenos Animais – 2ªedição.
São Paulo: Roca, 2006.
IMAGENS
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhD_O-fvkWdxOj00ZYvOlaVzxy8-wQQCDxRmfUxQl8xkg2wwTejWMaJIBCmlAdLaqVMkoN00ArNrujeehOI-B0kE_IdzsqfvMh_P_fQ4-AFIORwgLz72gXHRUKgjSfLnLawcLiEYOCXHxQG/
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