Existem várias formas intoxicação por alimentos, sendo talvez as mais comuns a intoxicação por chocolate e a por cebola, que é o assunto que será abordado no blog hoje.
A intoxicação por cebola é muito relatada em diversos artigos pelo mundo afetando várias especies.
Figura 1 |
A cebola (Allium cepa), assim como o alho (Allium sativa). pertencem ao gênero Allium e sua familia, na maioria das especies, é a Alliaciae (Wikipedia).
Etiologia, principio tóxico e dose tóxica: a intoxicação ocorre quando os animais consomem a cebola contendo altos concentrações de dissulfeto(Gfeller,2006). A dose tóxica vária entre cães e gatos. Nos cães há uma discordância entre a bibliografias consultadas em relação a dose tóxica. Segundo Roder 2002, a dose tóxica é de 5,5g/Kg. Já Giannico 2014,relata que a dose tóxica que irá gerar alterações hematológicas significativas nos cães está entre 15g/Kg e 30g/Kg. Em gatos a dose necessária para intoxicar vária entre 5g/Kg e 10g/Kg(Fighera,2002 ;Giannico,2014).
Epidemiologia: cães que consomem alimentos com cebola e reviram lixo. Gatos que consomem alimentos industrializados para bebes.
Mecanismo de Ação: os dissulfetos agem na membrana da hemoglobina levando a uma lesão oxidativa(Gfeller,2006). Segundo Giannico 2014, a cebola causa uma interferência na regeneração da glutationa, que é essencial para evitar a oxidação da hemoglobina. Assim, há a formação de corpúsculos de heinz, metemoglobina e anemia intravascular e extravascular(Gfeller,2006; Giannico, 2014).
Sinais clínicos: Segundo Fighera 2002, em gatos pode-se dividir em duas formas. Após 9 horas de consumo sinais como: mucosas pálidas, normotérmicos, taquipneicos e taquicárdicos. Já após 48 horas os animais tem uma taquicardia e taquipneia com menor intensidade, mucosas pálidas, podem ter hipotermia e urina escura. Segundo Giannico 2014, de uma forma geral para todas as especies os sinais clínicos iniciais são vômitos, diarreia, perda de apetite , depressão e dor abdominal. Após alguns dias há o aparecimento letargia, fraqueza, mucosas pálidas ou ictéricas, hemoglobinúrias, sinais característicos de anemia.
Figura 2: Cão com mucosa ictérica. |
Achados de necropsia: esplenomegalia moderada a acentuada e sangue marrom (Fighera, 2002).
Figura 3: Fonte: Fighera, 2002. |
Histopatológico: pode ser visualizado hemossiderose e hematopoese no fígado e baço (Fighera, 2002). Necrose centrolobular pode ser visualizada com menor frequência.
Tratamento: quando a ingestão é recente pode ser induzida a êmese. A utilização de carvão ativado para redução da absorção dos dissulfetos e percursores da glutationa para ajudar a evitar a oxidação da membrana. Em casos mais graves com uma anemia severa pode ser feito transfusão sanguínea (Gfeller,2006).
Figura 4: Carvão ativado. medicamento utilizado para absorção de toxinas. |
Referências
FIGHERA, Rafael A. et al .
Intoxicação experimental por cebola, Allium
cepa (Liliaceae),
em gatos. Pesq. Vet. Bras.,
Rio de Janeiro , v. 22, n. 2, Apr.
2002 .
GIANNICO, Amalia Turner, et al. Intoxicação por Alimentos. Vol. 10, No 1 (2014): Colloquium Agrariae. DOI: 10.5747/ca.2014.v10.n1
GFELLER, Roger W. et al. Manual de
toxicologia e envenenamentos em pequenos animais. São Paulo: Roca, 2006.
RODER, Joseph D. Manual de Toxicologia Veterinária. Multimedica editora veterinária, 2002.
Imagens
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